Dia da Bailarina/Bailarino: Celebração, Reconhecimento e Desafios Contínuos
Celebração e luta!
O Dia da Bailarina e do Bailarino, celebrado em 1º de setembro, é mais do que uma simples data comemorativa. É um momento para refletirmos sobre a importância da dança na construção da nossa cultura e sociedade, e também sobre os desafios que esses artistas ainda enfrentam. A dança, muitas vezes invisibilizada ou subestimada, é uma expressão artística que envolve dedicação, disciplina e um profundo conhecimento técnico e emocional.
Importância Histórica e os Ícones da Dança
A história da dança é repleta de figuras icônicas que moldaram e transformaram essa arte. Isadora Duncan, conhecida como a "mãe da dança moderna", desafiou as convenções do balé clássico ao introduzir movimentos mais naturais e livres, inspirados pelas formas da natureza e pela antiguidade grega. Sua rebeldia e inovação abriram caminho para novas formas de expressão na dança.
Martha Graham, outra figura monumental, levou a dança moderna a novos patamares, desenvolvendo uma técnica que enfatizava a expressão emocional intensa e a conexão entre corpo e mente. Graham não apenas revolucionou a dança, mas também lutou para que ela fosse reconhecida como uma forma de arte séria e complexa.
George Balanchine, coreógrafo e cofundador do New York City Ballet, foi um dos grandes responsáveis por popularizar o balé nos Estados Unidos e por desenvolver o balé neoclássico. Seu trabalho influenciou incontáveis bailarinos e coreógrafos, deixando um legado que continua a impactar a dança até hoje.
No Brasil, nomes como Ana Botafogo e Carlinhos de Jesus são referências incontornáveis. Ana Botafogo, primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, dedicou sua vida à dança clássica, levando o balé brasileiro a novos horizontes e sendo uma inspiração para gerações de bailarinas e bailarinos. Carlinhos de Jesus, por outro lado, trouxe a dança de salão para o protagonismo, mostrando a riqueza e a diversidade das danças populares brasileiras.
Ingrid Silva e a Luta pela Inclusão
A questão da representatividade é central na dança, e a bailarina Ingrid Silva tem sido uma figura fundamental na luta pela diversidade na dança clássica. Mulher preta e nascida em uma comunidade carente do Rio de Janeiro, Ingrid superou inúmeros obstáculos para se tornar uma das principais bailarinas do Dance Theatre of Harlem, em Nova York. Sua trajetória inspira e abre portas para muitos jovens que antes não viam a si mesmos representados nesse universo predominantemente branco e elitista.
Ingrid não apenas brilha nos palcos, mas também utiliza sua voz para destacar a importância da diversidade e da inclusão na dança, lutando para que todos os corpos tenham espaço e voz na arte. A sua presença e ativismo são um lembrete constante de que a dança deve refletir a pluralidade da sociedade.

Desafios no Reconhecimento Acadêmico e Profissional
Apesar dos avanços, a dança ainda luta por reconhecimento como uma área de estudo séria. Nas universidades, o preconceito ainda persiste, com a dança sendo muitas vezes vista como uma área de estudo menor, menos importante que outras artes ou ciências. É essencial que essa percepção mude, e que a dança seja valorizada como um campo de conhecimento complexo, que envolve teoria, prática, história e um profundo entendimento do corpo e da cultura.
Além disso, a formação profissional no Brasil enfrenta desafios consideráveis. Muitos bailarinos sonham em trabalhar no exterior, onde o mercado é mais valorizado e as condições de trabalho são melhores. Isso reflete a falta de investimento e reconhecimento que a dança ainda enfrenta no Brasil, seja em termos de apoio financeiro, seja em oportunidades de carreira e desenvolvimento.
O Dia da Bailarina e do Bailarino é um momento para celebrarmos as conquistas e o legado de todos nós, pessoas que vivem a dança diariamente, mas também para refletirmos sobre o longo caminho que ainda precisamos percorrer. É preciso continuar lutando por um reconhecimento mais amplo da dança como uma arte vital e um campo de estudo legítimo, e por um mercado de trabalho mais justo e inclusivo para todos os bailarinos e bailarinas.
Que esta data nos inspire a continuar dançando, mas também a continuar lutando – por mais espaço, mais respeito, e por uma arte que seja verdadeiramente acessível e representativa de todos.
Feliz Dia para todos as Bailarinas e Bailarinos!
Feliz Dia Kamila Cidrim!