Ontem, 9 de fevereiro, celebramos o Dia do Frevo, uma manifestação cultural que é a essência do “meu país Pernambuco”. O frevo, com sua energia vibrante e passos ágeis, é mais do que uma dança ou um ritmo; é a expressão da alma pernambucana. E eu, acredito que assim como todo bom pernambucano, tenho uma história de muito amor com esse ritmo.
“Quem é de fato um bom pernambucano
Espera um ano e se mete na brincadeira
Esquece tudo quando cai no frevo
E no melhor da festa chega a quarta feira“
(É de fazer chorar / Luiz Bandeira)
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan em 2007 e pela Unesco em 2012, o frevo surgiu no final do século XIX, nas ruas do Recife, como uma manifestação popular que combinava elementos de marcha, maxixe e movimentos da capoeira. As bandas militares da época tocavam marchas aceleradas, e os capoeiristas, para evitar a repressão policial, incorporavam movimentos ágeis e acrobáticos, utilizando sombrinhas como disfarce para suas armas. Dessa fusão, nasceu o frevo, que rapidamente se tornou símbolo do Carnaval pernambucano.
Existem três principais variações do frevo:
1. Frevo de Rua: Instrumental e marcado por um ritmo acelerado, é caracterizado pela presença de instrumentos de sopro e percussão.
2. Frevo de Bloco: Cantado e acompanhado por instrumentos de pau e corda, como violões e cavaquinhos, possui uma melodia mais suave.
3. Frevo Canção: Também cantado, mas com uma estrutura mais próxima das canções populares, é acompanhado por orquestras e possui letras que exaltam o Carnaval e a cultura pernambucana.
Ao longo dos anos, diversos artistas contribuíram para a riqueza do frevo e do Carnaval de Pernambuco:
- Capiba: Compositor, autor de clássicos como "Óh Bela" e "É de Amargar".
- Nelson Ferreira: Maestro e compositor, conhecido por músicas como "Evocação nº 1" e por sua grande contribuição à difusão do frevo pelo país.
“Adeus, adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E Recife adormecia
Ficava a sonharAo som da triste melodia”
(Evocação N°1 / Nelson Ferreira)
- Claudionor Germano: Cantor que se destacou na interpretação de frevos de bloco e canção.
- Maestro Duda: Reconhecido por suas contribuições ao frevo de rua, com arranjos que se tornaram referência.
- Maestro Spok: Grande maestro e arranjador contemporâneo que tem levado o frevo a palcos internacionais, renovando e difundindo o gênero.
“Que é só aqui que tem
Que é só aqui que há
Duda no Frevo, Alceu
Antônio Nóbrega
Que é só aqui que tem
Que é só aqui que há
Rios de passos, chuvas de sombrinhas
O côco de Selma, a ciranda de Lia
O passo da ema, a cobra passar
O frevo fervendo ao sol do meio-dia
Quarenta graus de vassourinhas“
(Chuva de sombrinhas / André Rio, Nena Queiroga e Beto Leal)
Valorizar nossa cultura é reconhecer a importância de ritmos como o frevo. É celebrar danças, músicas e tradições que foram transmitidas de geração em geração, moldando quem somos hoje. É entender que, ao preservar e promover nossas manifestações culturais, estamos fortalecendo nossa identidade e garantindo que futuras gerações possam se orgulhar de suas origens.
“Espero um ano inteiro
Até ver chegar fevereiro
Pra ouvir o clarim clarinar
E a alegria chegar
Essa alegria que em mim
Parece que não terá fim
Mas, se um dia o frevo acabar
Juro que eu vou chorar.“
(De chapéu de sol aberto / Capiba)
Que cada vez mais possamos nos orgulhar do que é nosso, que faz parte de nossa história, nosso povo, nossa cultura. Que possamos continuar dançando ao som do frevo, celebrando nossas tradições e mantendo vivo o espírito vibrante de Pernambuco.