Um taxi amarelo te lembra algum lugar? E uma cabine de telefone vermelha? A estátua do Cristo Redentor imediatamente te lembra Jesus Cristo ou Rio de Janeiro?
Certo dia, no avião, estava pensando sobre como eu sempre tento viajar pela mesma empresa, pois além de ser a que prefiro em termos de serviços, acabei por aderir a programas internos que me fazem ter algumas vantagens. Nessa empresa, entregam “snacks” no voo e um deles é um saquinho com balinhas em forma de avião (agora talvez já dê pra saber de qual a cia aérea estou falando). Meus sobrinhos têm 3 anos e eles já sabem que quando os avós ou a titia viajam, trazem a bala de avião. Eles ainda não sabem dizer que é exatamente daquela companhia, mas já criaram, aos 3 anos, a relação do produto com a marca.
Lembro de ler sobre como criaram os taxis amarelos de Nova York. Aquela era uma região erma, refletia bem a famosa máxima “antigamente era tudo mato”. Não existiam pontos específicos de beleza natural que fizesse com que as pessoas quisessem visitar aquele lugar. Sim, o lugar atualmente mais visitado por turistas no mundo foi totalmente pensado para ser o que é. Não existia uma praia bonita para se levar de cartão postal, não existia um morro, uma vegetação específica… nada! Mas o que o turista vai comprar, o que ele vai levar de lembrança?
I🤍NY - marca registrada.
Taxi amarelo padronizado - marca registrada.
Big Apple - marca registrada.
E assim, milhões de chaveiros, ímãs de geladeira, canecas e bótons são vendidos semanalmente.
Nesse final de ano, fazendo um paralelo, pensei: quando “turistas” chegam em minha vida, o que levam de mim? Que “souvenir” comprariam para dizer “estive em Kamila”? Essa conversa não é sobre compra e venda de produtos, é sobre impacto, efeito e legado.
Enquanto bailarina, sempre pensei que minha arte em forma de dança seria uma forma de deixar um pouco de mim em quem me assistisse. Quando professora, ficava fácil de perceber o que meus alunos estavam levando de lembrança de “Tia Kami". Hoje, escritora, vejo meus livros como meus souvenirs. Quem vem até mim, tem como adquirir minhas ideias que registrei em letras e sinto enorme prazer em compartilhar. A “marketeira” que habita em mim (e em uma das mil e uma profissões da multipontencial aqui) pensa em vários produtos, logotipos e jargões que podem ser relacionados a mim e a meu modo de ver a vida, de entregar conteúdo.
Mas, para além da bailarina, professora, “marketeira” e escritora existe a humana.
A humana aqui gosta de legar sorrisos, carinhos, conteúdo, bons sentimentos, boa ENERGIA.
Tudo que penso, todos os dias de manhã enquanto estou tomando meu café assistindo e ouvindo os pássaros de minha casa em meio a um pedacinho que resta de mata atlântica em minha cidade, é que eu consiga ter discernimento para ser como os passarinhos que vejo na vida dos que cruzo.
Algumas vezes, passo apenas voando perto, rapidamente, mas deixo uma boa imagem, um som encantador, uma brisa suave do bater das asas; às vezes fico mais um pouco, pouso, pio por uns instantes, deixo uma mensagem, vou embora deixando paz; às vezes passo longe, voando alto, num raio de difícil alcance, mas sendo visto, observado, analisado e o recado é dado; às vezes faço casa, encontro espaço, construo meu ninho, quem sabe até reproduzo (vidas e ideias), deixo um rastro físico, uma lembrança inapagável, real, um ponto de encontro eterno.
A vida é um céu aberto, repleto de pássaros indo e vindo e que lindo é vê-los livres.
Desejo ser liberdade, mas anseio por deixar cravada minha marca.
Que seja positiva 🙏🏻
Aproveito esta última segunda-feira de 2024 para deixar aqui meu agradecimento por todos que têm me acompanhado. MUITO OBRIGADA!
2025 já começa cheio de projetos e sonhos a serem realizados, não sei bem se e como vou conseguir continuar publicando textos semanais, mas, de uma forma ou de outra, buscarei me fazer presente por aqui, pois minha escrita aqui é parte de meu legado, minha marca, o tantinho de Kamila que fica.
Que possamos continuar juntos, compartilhando nossa vida dançante!