Sobre reposicionamento, dança, carnaval, presente, calmaria, reflexão.
Uma nova fase, um novo nome, e a arte que segue pulsando em cada detalhe.
Segunda-feira de carnaval. Para muitos, é dia de folia, de rua, de batuque e brilho. Também já o foi para mim. Hoje, decidi por um carnaval mais tranquilo, assim como para outros sempre é, um momento de pausa, de recolhimento, de deixar que o tempo passe mais devagar. Enquanto escrevo, sinto-me entre esses dois mundos: na festa interna de legítima pernambucana que ama a arte e a cultura em todas as suas formas e, ao mesmo tempo, na serenidade de uma leitora com seu café quentinho entre as páginas de um livro que me atravessa.
Hoje também é dia de mudança por aqui.
O que antes era o "espaço de compartilhamento dançante" agora se torna "a dança em palavras". Um nome que traz consigo uma promessa e uma intenção: continuar falando sobre dança, mas também sobre tudo que a cerca – a arte, a história, a criação, o sentir. Esse espaço é meu convite para que você se mova comigo, mesmo quando os pés estiverem imóveis. Porque a dança acontece também no pensamento, no olhar, naquilo que nos inspira e nos transforma.
Falando em transformação, recebi um presente que me emocionou profundamente no livro "Aqui jaz. um ditado", de Keilla Liberal. Um livro de poemas que, mais do que versos, conta uma história de dor, superação e cura. Uma leitura deliciosa, encantadora, cheia de surpresas. Mas nenhuma tão grande quanto a que me esperava na página 129: um trecho dedicado a mim.
É difícil descrever o que senti nesse momento – uma mistura de gratidão, pertencimento e aquele calor no peito que só a arte é capaz de despertar. Atravessar um livro assim, sentir-se parte dele, é como dançar com as palavras. E, de certa forma, é isso que eu tenho buscado:
reencontrar a minha dança também no que escrevo, no que compartilho, no que escolho criar.
Estou em um período de transição, de reposicionamento, não só no trabalho, mas no que desejo construir enquanto artista, comunicadora, pessoa. E esse livro veio como um abraço nesse caminho, como se dissesse:
"sim, é por aqui".
Talvez seja essa a beleza de se abrir ao novo. De mudar um nome, de mudar um olhar, de permitir-se sentir e seguir. Como no carnaval, que se reinventa a cada ano. Como na dança, que se molda a cada movimento. Como na vida, que nos chama a pisar em terrenos desconhecidos com a coragem de quem sabe que sempre há um ritmo esperando para nos guiar.
Ainda nessa miscelânea de sentimentos e pensamentos, lembro de uma frase de um amigo em meio à uma conversa enquanto tomava café da manhã: “que a gente conquiste o que a gente merece”, nada aquém e nem além, só que a gente merece, e o que a gente tem se feito merecer?
Nesse sentido, o que a gente merece está diretamente relacionado ao que a gente precisa pra crescer e evoluir enquanto seres humanos.
Então, que o carnaval seja, para você, exatamente o que precisa ser. De festa ou de descanso, de euforia ou de contemplação. Que seja um momento de arte, de pausa ou de redescoberta. E que, de alguma forma, a dança das palavras possa te acompanhar.
Até a próxima volta pelo salão.